Após o Ministério Público Estadual agir como “Põncio Pilatos” em Dourados, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal aceitou a denúncia contra o bolsonarista Glaudiston da Silva Cabral por associação criminosa e incitação ao crime. Ele xingou os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do STF, de “pedófilos”, “sacrificadores de crianças” e “satanistas”.
Cabral teve a prisão preventiva decretada pelo STF e teria sido capturado em Sanga Puitã, distrito de Ponta Porã. Ele foi denunciado após atuar como integrante da ANSP (Associação Nacional em Defesa da Soberania Popopular).
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A denúncia foi aceita por unanimidade pela turma: Alexandre de Moraes (relator), Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcias e Luiz Fux. Esse último chegou a pedir o envio da ação penal para a justiça comum, mas acompanhou o relator para tornar o bolsonarista réu.
A Defensoria Pública da União pediu a suspeição de Moraes, que é um dos alvos de Cabral, mas o pedido foi negado pela turma.
“ No caso dos autos, não se observa a incidência de quaisquer das hipóteses de suspeição ou impedimento em relação ao Min. Alexandre de Moraes, haja vista que os fatos apontados como ilícitos circunscrevem-se ao crime de incitação ao crime, cujos objetos material e jurídico são a paz pública, de modo a apresentar como vítima toda a coletividade”, explicou.
Repercussão nacional
Nos últimos quatro anos, entre 2020 e 2024, Cabral passou a atacar os ministros do STF e a Polícia Federal. Ele chegou a chamar os federais de “jagunços do STF”.
Ele chegou a ser denunciado na Justiça Estadual em Dourados, mas o magistrado optou por encaminhar a denúncia ao STF após destacar que o MPE “vem bancando o ‘Pôncio Pilatos’, lavando as mãos, negligenciando reiteradamente com os seus deveres de ofício nos autos a garantia concreta da lei”.
O bolsonarista chegou a prestar depoimento na delegacia da PF em Dourados e o divulgou nas redes sociais. O blogueiro Allan dos Santos chegou a divulgar o caso propagado pelos bolsonaristas como “a oitiva que calou o delegado da Gestapo Federal”.
Gladiston da Silva Cabral manteve a artilharia, chamando o ministro Alexandre de Moraes de “Xandão do capeta”, “sacrificador de crianças”, entre outros.
Ele vai continuar preso, conforme despacho publicado no mês passado por Moraes. E como réu, vai a julgamento pelos dois crimes.