Ao se filiar ao PT, o ex-deputado federal Fábio Trad segue o exemplo do pai, Nelson Trad, que morreu aos 81 anos em 7 de dezembro de 2011. O patriarca da família Trad lutou contra a ditadura militar, foi preso político e chegou a ser chamado de comunista.
Nos últimos dias, o senador Nelsinho Trad (PSD), mais alinhado à direita e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), criticou o irmão por optar pela esquerda, apesar de ter forjado a carreira política no campo de centro direita.
Veja mais:
Reinaldo adia filiação ao PL para avaliar impacto de tarifaço e novas denúncias contra Bolsonaro
PL deve filiar Reinaldo até dia 20 e prevê eleição de dois senadores, seis federais e 19 estaduais
PT filia Fábio Trad no dia 30 e cargo a ser disputado só vai ser definido em outubro
Ex-presidente da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul) e advogado criminalista, como o pai, Fábio ganhou notoriedade nas redes sociais ao ser duro crítico do bolsonarismo, da extrema direita e dos defensores de um golpe de Estado.
O ex-deputado se transformou no grande defensor da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da democracia. Ao contrário de Nelsinho, ele culpa Bolsonaro e o filho, Eduardo Bolsonaro (PL), pelo tarifaço imposto ao Brasil por Donald Trump e defendeu o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, por considerá-lo baluarte da democracia brasileira.
Enquanto Fábio se alia à esquerda e sinaliza integrar a frente ampla em defesa da democracia e da reeleição Lula, Nelsinho tem seguido a linha de defesa de Bolsonaro e crítico de Alexandre de Moraes.
Exemplo de pai
Descendente de libaneses, Nelson Trad passou por diferentes partidos, desde o MDB até o PDS, passando por PTB, PSD e PFL. Formado em Direito pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) em 1957, ele atuou em Mato Grosso do Sul como advogado criminalista e entrou na política.
Ele comandou uma greve que parou a linha de bonde do Rio de Janeiro e foi relatado pelo ex-deputado em uma entrevista à TV Assembleia. “O movimento saiu da minha faculdade, do Catete, e até hoje alguns remanescentes lembram com saudades”, disse.
O protesto rendeu a Nelson Trad a fama de “baderneiro” e de “comunista”. Ele chegou a atuar como advogado do PCB (Partido Comunista do Brasil). “Alguns afirmaram de forma segura: esse é um comunista”, relembrou.
Durante a Ditadura Militar, Nelson Trad ficou preso por 25 dias e ficou na clandestinidade. “Fui um dos primeiros advogados do Brasil a impetrar habeas corpus contra prisão ilegal, cerceando a nossa liberdade de ir e vir”, contou.
Nelson Trad atuou como deputado federal até dezembro de 2011, quando morreu aos 81 anos. Dos filhos, apenas a psicóloga Maria Thereza de Assis Trad Alves, a Tetê, tentou a carreira política, mas não conseguiu se eleger deputada estadual.
Nelsinho Trad foi vereador da Capital, deputado estadual, prefeito da Capital por dois mandatos e senador da República. Marquinhos Trad foi vereador, deputado estadual e prefeito da Capital por dois mandatos.
Fábio Trad foi deputado federal. Agora, no PT, ele é cotado para disputar o Governo do Estado em 2026. O ex-deputado diz que a prioridade e sua vontade pessoal é tentar retornar à Câmara dos Deputados, mas não descarta participar de um projeto para ajudar na reeleição de Lula.
Os dois irmãos já tentaram o Governo. Em 2014, Nelsinho terminou em 3º lugar, enquanto em 2022, Marquinhos ficou em 6º.