A última semana foi marcada pela megaoperação em oito estados contra fraudes no setor de combustíveis que revelaram que o PCC (Primeiro Comando da Capital) movimentou mais de R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024. Segundo a Polícia Federal e a Receita Federal, o esquema utilizava fundos de investimentos e empresas financeiras que operam na avenida Faria Lima, principal centro financeiro de São Paulo, para gerar, lavar, ocultar e blindar recursos da atuação da facção.
No campo político, petistas e integrantes da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemoraram o que dizem ser a maior ofensiva contra o crime organizado da história do país, a Operação Carbono Oculto. A maioria da bancada bolsonarista ignorou as ações da PF, mas o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) viu a propagação da fake news sobre taxação do Pix voltar à tona e deixá-lo em maus lençóis.
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No ano passado, a Receita publicou uma instrução normativa que estendia as obrigações de transparência e informações às fintechs para valer a partir de janeiro de 2025. Mas a medida foi revogada depois de uma campanha de desinformação, com as chamadas fake news, encabeçada pelo deputado mineiro. A falta de regulamentação teria contribuído para o esquema do PCC, segundo o órgão.
De Mato Grosso do Sul, a deputada federal Camila Jara (PT), falou sobre o Pix sem citar Nikolas, e declarou apoio a abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para rastrear quem operou, quem lucrou e quem facilitou os R$ 52 bilhões lavados via fintechs, combustíveis e fundos.
“O crime organizado não age só na sombra: ele opera no coração do sistema financeiro”, afirmou Camila em postagem nas redes sociais na sexta-feira (29). “[…] precisamos fechar brechas, responsabilizar agentes e blindar o ecossistema de pagamentos. A CPI é para proteger o dinheiro do povo, dar transparência e cortar o oxigênio do crime”.
O ex-candidato ao Senado, Tiago Botelho (PT) fez coro aos que lembraram a atuação de Nikolas Ferreira para espalhar fake news que, segundo a Receita Federal, beneficiaram o PCC.
“A indignação é pouco! Nikolas Ferreira, o deputado que vive de fake news, agora tem a máscara completamente arrancada. Primo preso por envolvimento com tráfico, mentiras atrás de mentiras, e agora o absurdo maior: envolvimento no escândalo da Faria Lima com o PCC”, afirmou Botelho.
Mais comedido, o deputado federal Vander Loubet (PT) comemorou a operação e destacou o envolvimento do PCC com a Faria Lima.
“O governo@LulaOficialfez a maior operação da história contra o crime organizado. O dinheiro desviado pelo PCC chegava até a Faria Lima, principal centro financeiro do país. Doa a quem doer, o governo seguirá atuando na segurança do Brasil”, comemorou o ex-coordenador da bancada federal de MS.
Ex-deputado federal e cotado para disputar o Governo do Estado ano que vem, Fábio Trad (PT) ressaltou que “a elite bilionária que sempre apontou o dedo para o presidente Lula por preconceito, precisa se olhar no espelho e pedir desculpas públicas aos trabalhadores honrados do Brasil. Agora foram descobertos em um crime que envolve valores colossais”.
Da bancada federal bolsonarista, os deputados federais Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira, do PL, e Dr. Luiz Ovando (PP) deixaram de lado a megaoperação contra a maior facção criminosa do País, deflagrada na quinta-feira (28), e se concentram em atacar o Supremo Tribunal Federal e defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que vai a julgamento a partir da próxima terça-feira (2) e pode ser condenado pela trama golpista para tentar reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse de Lula.
Em MS, o núcleo do PCC contava com uma rede de sete distribuidoras de combustíveis em Iguatemi, todas situadas no mesmo endereço, e uma era comandada pelo irmão do líder da organização criminosa. A movimentação financeira de uma das empresas teve crescimento espetacular, de R$ 3 milhões para R$ 3 bilhões, segundo despacho do juiz Sandro Nogueira de Barros Leite, da 2ª Vara Criminal de Catanduva.
Outro detalhe é que uma das companhias não pagava impostos, mas entrou com pedido de ressarcimento de R$ 618,2 milhões do PIS/Pasep junto à Receita Federal.