A senadora Tereza Cristina (PP) prevê mais retaliação dos Estados Unidos contra o Brasil por causa do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela tentativa de golpe de estado. Bolsonarista, a ex-ministra da Agricultura criticou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) por atuar no exterior contra a economia e a população brasileira.
Pela primeira vez, a parlamentar admitiu publicamente que cogita ser candidata a vice-presidente nas eleições de 2026. “Dizer que eu não gostaria não é verdade. Eu estaria aqui sendo falsa. Mas eu gostaria de ser vice de quem?”, afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
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Na prática, a senadora trilha os caminhos de outras senadoras de Mato Grosso do Sul, como Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (Podemos), que foram candidatas a presidente da República em 2022. Tereza até tentou se viabilizar como presidenciável, mas o grupo da direita acabou dando mais espaço para os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
Ao longo da entrevista, a senadora não poupou Eduardo Bolsonaro, que articula as sanções contra os ministros do STF e o tarifaço contra a economia brasileira. “Eu não faria isso. Eu, no lugar dele. Ele é filho, ele tem as razões dele, enfim, os métodos dele. Eu não faria isso. Eu jogo pelo Brasil”, detonou o filho de Bolsonaro.
Por outro lado, a senadora não criticou Bolsonaro, que deu aval ao filho e até transferiu R$ 4 milhões via Pix para ele continuar nos Estados Unidos. Pelo contrário, a ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro avalia que a culpa é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por não abrir negociações com Trump, apesar do presidente americano deixar claro que só faz uma exigência, o fim das ações judiciais contra o ex-presidente brasileiro.
“Hoje, estamos num jogo de perde-perde. Acho que o governo, em vez de fazer bravatas, dizer que está aberto (a negociar), mas aí põe uma retaliação, deveria pensar em uma estratégia melhor. Isso se quiser continuar tendo os EUA como parceiros”, afirmou, sobre o início da política de retaliação, aprovada com o seu o voto no Congresso Nacional.
“Esse ponto foi uma das constatações que nós tivemos lá [na missão de senadores]. Isso estava à mesa por onde nós conversamos. Disseram que Trump se vê na mesma condição que hoje está Bolsonaro, de perseguido. Ele se enxerga nessa condição e colocou essa imposição política, Assim como ele colocou outras imposições para o resto do mundo, a grande maioria só comercial”, analisou a senadora.
“No Brasil, (há) essa (imposição) política. Aqui, o Brasil tinha que responder o que respondeu: cada Poder tem a sua independência para decidir os casos internos. Mas isso tem se misturado a essa política comercial”, avaliou.
A senadora avalia que a anistia pode não ser suficiente para suspender as sanções americanas contra o Brasil.