Em meio a denúncias do desvio de R$ 156 milhões na saúde e a falta de remédios nas unidades de saúde, a prefeita Adriane Lopes (PP) demitiu a bolsonarista Rosana Leite de Melo da Secretaria Municipal de Saúde em edição extra do Diário Oficial, publicada nesta sexta-feira (5). A partir deste sábado, um comitê comandado pela ex-secretária municipal de Iguatemi, Ivone Kanaan Nabhan Pelegrinelli, vai gerir a saúde.
A troca ocorre em meio a persistente crise na saúde, com a população sofrendo com a falta de leitos de internação e de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) em hospitais, falta de médicos e remédios nas unidades de saúde, aparelhos de raio-X, entre outros problemas.
Veja mais:
Crise na saúde e reajuste no salário pioram popularidade de Adriane: ruim/péssima para 55%
Gestão Adriane é considerada ruim e péssima por 50% dos moradores, aponta pesquisa
Juiz manda Adriane ceder lista de servidores em ação que tem presidente do IMPCG entre autores
A escassez de medicamentos foi denunciada na eleição do ano passado, mas Adriane culpou um servidor, que teria sabotado a sua administração para favorecer a adversária, Rose Modesto (União Brasil). A prefeita foi reeleita e quase um ano depois ainda não resolveu o problema.
Brigas entre a prefeita e a então secretária de Saúde chegaram a viralizar nas redes sociais. A demissão de Rosana Leite, que foi secretária nacional de combate à covid-19 na gestão de Jair Bolsonaro (PL), era dada como certa desde o ano passado.
Médica concursada do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian e professora universitária, Rosana foi realocada para um cargo de assessora na Casa Civil, pasta comandada pela concunhada de Adriane, Thelma Fernandes Mendes Nogueira Lopes.
Intervenção na saúde
A prefeita entregará a saúde para um comitê gestor, que será liderado por Ivoni Pelegrinelli, que comandou a Secretaria Municipal de Saúde em Iguatemi, cidade com 14 mil habitantes. Na Capital, ela era gerente de Proteção Social de Alta Complexidade da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania.
Só que Ivoni não será secretária de Saúde, mas coordenadora do comitê gestor, que será formado pela secretária municipal de Administração, Andréa Alves Ferreira Rocha (coordenadora jurídica), pelo secretário especial de Licitações e Contratos, André de Moura Brandão, pela secretária especial de Planejamento e Parcerias Estratégias, Catiana Sabadin Zamarenho (coordenadora de Planejamento e gestão estratégica), o secretário-adjunto de Finanças, Isaac José de Araújo (coordenador financeiro) e ex-prefeito de Japorã, Vanderlei Bispo de Oliveira (coordenador administrativo).
Nove meses após a posse para o segundo mandato, Adriane diz que nomeou o comitê para planejamento, reestruturação e execução na Sesau. O grupo terá a missão, segundo o decreto, de promover a continuidade da administração dos serviços de saúde durante a reestruturação e descentralização da saúde nos próximos seis meses.
Ivoni é de Iguatemi, como a atual prefeita e o marido, o deputado estadual Lídio Lopes (PP). André Brandão foi vereador em Japorã. Araújo é contador e faz parte da Assembleia de Deus Missões, onde a prefeita é missionária.
Denúncias, desvios e falta de remédios
A troca ocorreu em meio a denúncias de desvios de recursos. De acordo com denúncia do Conselho Municipal de Saúde, houve o desvio de R$ 156 milhões da saúde. Enquanto o dinheiro é desviado para outras finalidades, a população sofre com a precariedade na prestação do serviço.
Na última terça-feira (2), o vereador Landmark Rios (PT), denunciou na Câmara Municipal o desvio milionário. Ele ainda destacou que fiscalização confirmou a falta de 37 medicamentos essenciais nas unidades básicas de saúde dos bairros Tiradentes e Carlota. Ainda denunciou falta de remédios controlados no CAPs (Centro de Atendimento Psicossocial).
Siga o canal do O Jacaré no WhatsApp
No primeiro semestre, médicos da Santa Casa registraram boletim de ocorrência na Polícia Civil para alertar que pacientes internados poderiam morrer ou sofrer sequelas por falta de remédios na instituição hospitalar. O MPE ingressou com várias ações na Justiça para tentar zerar a fila de espera por exames, consultas e cirurgias e até falta de leitos em UTIs em Campo Grande.