Albertino Ribeiro – Isso mesmo! Se você se considera à direita do espectro socioeconômico e defende que o Brasil tenha uma política industrial para alavancar o desenvolvimento econômico e tecnológico, você está no lugar errado. “Por que Albertino? Simples; no Brasil, os partidos de direita são neoliberais e o neoliberalismo defende que o mercado é suficiente em si mesmo, pois se autorregula e pode conduzir o país à prosperidade econômica sem a intervenção do Estado.
Nada mais contraditório. Então, se você acredita que um país como o Brasil precisa de um projeto para alçá-lo ao desenvolvimento socioeconômico, você precisa entender que o Estado é a ferramenta fundamental para alcançarmos o sonho de sermos um país industrializado e desenvolvido.
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A história dos países desenvolvidos tem muitos exemplos de que o Estado foi ator principal no desenvolvimento da economia. O próprio EUA, no século XIX, fez uso da política industrial para sair do atraso em que se encontrava. ]
Se o tio Sam deixasse o mercado resolver as coisas sozinho, os EUA hoje seriam um país predominantemente agrário. Também, durante a guerra fria, o Estado americano foi profícuo e desenvolveu vários projetos que transbordaram para o mercado, transformando a estrutura produtiva do país, tornando-o na potência econômica e tecnológica que é hoje.
Podemos citar também como exemplo a Coréia do Sul, que na década de 1970 direcionou a economia rumo ao desenvolvimento para não ficar dependente apenas de bens primários.
A Hyundai, por exemplo, foi escolhida pelo estado sul-coreano para o desafio de ter seu próprio carro nacional. Depois de muitos problemas enfrentados – com a ajuda do estado -, a empresa se tornou naquilo que é hoje: uma das maiores montadoras do mundo.
E a China? O dragão chinês é o maior exemplo de política industrial na veia. Quando abriu seu mercado para as multinacionais, o governo colocou condições para que as empresas pudessem acessar seu imenso mercado, ou seja, exigiu transferência de tecnologia (política industrial).
Depois de aprender a fazer, a economia chinesa foi se desenvolvendo e tornou-se tão criativa quanto as economias mais modernas do mundo, e hoje é concorrente direto dos Estados Unidos, inclusive, na área de Inteligência Artificial.
Ficou com dissonância cognitiva, leitor? Não precisa; basta ser pragmático. O pensamento neoliberal extremista de nossas elites é que não deixa o Brasil se desenvolver; sabe o porquê? A grande mídia brasileira é financiada pelo mercado financeiro, um grupo de pessoas que só pensa no lucro a curto prazo e não tem flexibilidade mental para ousar; só leem a cartilha do livre mercado puro.
Se você realmente ama o Brasil e quer que ele seja um país desenvolvido, abandone o fundamentalismo de mercado; entenda que mercado e Estado não precisam ser inimigos, mas devem ser complementares e agirem direcionados por um projeto de nação, que coloque o Brasil no lugar que ele merece, não apenas um gigante pela própria natureza, mas um país próspero e com qualidade de vida.