Políticos tradicionais, o ex-governador Reinaldo Azambuja e o ex-deputado federal Edson Giroto se filiaram ao PL, neste domingo (21), de olho no voto dos bolsonaristas e assumem o protagonismo da direita em Mato Grosso do Sul. Eles atropelaram os “rebeldes”, que estavam em ascensão, como o vereador Rafael Tavares, o deputado estadual João Henrique Catan e os deputados federais Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira.
Na festa, que reuniu uma multidão de militantes vestidos de verde e amarelo, as fichas foram abonadas pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, famoso por ter sido condenado e preso no Mensalão do PT.
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Candidato ao Senado em 2026 e líder nas pesquisas, Reinaldo deixa o PSDB após três décadas, partido pelo qual foi prefeito de Maracaju, deputado estadual, deputado federal e governador por dois mandatos, para ser o candidato a “senador do Bolsonaro”. Ele deverá atropelar a “queridinha” do ex-presidente, a vice-prefeita de Dourados, Gianni Nogueira (PL), para ser o único candidato da sigla ao Senado.
A estratégia é fazer dobradinha com candidato de outro partido. O favorito de Azambuja é o senador Nelsinho Trad (PSD), cuja ficha dispensa apresentações. A dupla deverá desbancar outro bolsonarista raiz, o ex-deputado estadual Capitão Contar (PRTB), que almeja ser o candidato a senador da direita no Estado.
Em prisão domiciliar e proibido de fazer política, Bolsonaro não pode prestigiar a filiação nem gravar vídeo de apoio a Azambuja. O papel coube ao filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL), do Rio de Janeiro. Ele destacou que o ex-governador é “pessoa correta” e vai se somar às fileiras do PL devolver “a normalidade ao País”.
“Fico muito feliz pelo convite de me juntar à sigla. Deixo o PSDB depois de trinta anos, e a palavra que usei é gratidão e respeito. Mas sou adepto a desafios, e esse desafio de entrar no PL é para fortalecer a direita aqui em Mato Grosso do Sul e propiciar bons momentos para o futuro do nosso Estado e país”, afirmou Reinaldo, de acordo com o Correio do Estado.
Valdemar festejou a chegada de Reinaldo, apontado como o nome que deverá fazer parte da estratégia de Bolsonaro de fazer uma boa bancada de senadores em 2026.
“Reinaldo Azambuja foi a maior aquisição que o presidente Bolsonaro conseguiu fazer pelo partido. Eles acertaram o que nós não conseguimos. No Mato Grosso do Sul, o PP já estava com a Tereza, e, por isso, precisávamos trazer o Reinaldo, porque ele elegeu o Eduardo Riedel, que é o governador mais bem aprovado do Brasil. Então, um dia, o Bolsonaro chega e fala para mim: ‘Valdemar, conversei com o Rogério Marinho; ele vai agora falar com o Azambuja para trazê-lo ao PL.’ Isso mostrou que nós estamos mais fortes em todo o Norte, em todo o Centro-Oeste”, contou o presidente nacional do PL.
Condenado duas vezes a 17 anos na Operação Lama Asfáltica e alvo de inúmeras ações criminais e penais, Giroto se comparou ao ex-presidente. “A mesma injustiça que eu sofri e depois de dez anos consigo provar a minha inocência, o presidente Bolsonaro está passando. Injustiça e perseguição. Não tenho dúvida que ele será absolvido lá na frente. Mas quem paga o estrago que estão fazendo com ele e comigo?”, questionou Giroto, conforme registro do Campo Grande News.
“Fui o terceiro deputado mais votado no País. Depois, disputo a Prefeitura de Campo Grande. Aí tem todas as denúncias contra mim. Pago um preço extremamente alto até que a Justiça pudesse concluir a minha inocência. E hoje, através das mãos do Reinaldo e do Valdemar, eu estou voltando para poder ajudar Mato Grosso do Sul e Campo Grande”, afirmou, apostando no voto bolsonarista para retornar à Câmara dos Deputados.
Prefeitos com problemas na Justiça também se filiaram ao PL neste domingo, como Aldenir Barbosa, o Guga, de Novo Horizonte do Sul, e Juliano Ferro, de Ivinhema. No total, foram 17 prefeitos que trocaram o PSDB pelo PL no Estado.
Cacique do MDB e político experiente, André Puccinelli definiu bem a estratégia de Reinaldo Azambuja de trocar PSDB, em extinção no País, pelo PL, sigla com o maior fundo partidário e eleitoral. “O Reinaldo é muito inteligente, esperto, e não deve ter entrado sem saber onde está pisando”, avaliou Puccinelli, segundo o Campo Grande News.
Reinaldo caminha para mais uma estratégia de sucesso. O único risco é repetir Beto Pereira (PSDB) no ano passado, que apostou no apoio de Bolsonaro para vencer a disputa pela Prefeitura de Campo Grande, mas não conseguiu nem chegar ao segundo turno. Reinaldo ainda apoiou Rose Modesto (União Brasil), mas, perdeu de novo, já que Adriane Lopes (PP) se reelegeu.