Os deputados federais bolsonaristas de Mato Grosso do Sul priorizam o debate sobre a anistia aos condenados pela tentativa de golpe de Estado, mas ignoram a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. A proposta será votada na próxima quarta-feira (1º) na Câmara dos Deputados, mas a votação pode ser adiada pela manobra bolsonarista para forçar o perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de cadeia.
Enquanto lutam para salvar Bolsonaro e outros 11 sul-mato-grossenses condenados pela trama golpista, os parlamentares Dr. Luiz Ovando (PP), Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira, do PL, deixam em segundo plano o projeto que pode beneficiar 236,8 mil contribuintes de Mato Grosso do Sul.
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De acordo com a Receita Federal do Brasil, 162 mil serão contemplados com a isenção total porque possuem renda de até R$ 5 mil. Outros 73,8 mil serão contemplados com o desconto gradual para renda de R$ 5 mil a R$ 7 mil.
O ex-presidente da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul), Fábio Trad (PT), afirmou que condicionar a votação da anistia à redução do IR “não é política, isto é sequestro, é banditismo travestido de ação parlamentar”.
“O que o trabalhador brasileiro tem a ver com os crimes de um golpista condenado pela Justiça?”, questionou, sobre Bolsonaro e os condenados por invadir e depredar o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto e até colocar uma bomba para explodir o aeroporto de Brasília.
“Enquanto fomos às ruas lutar pela democracia brasileira, eles defendem a impunidade para salvar quem atacou nosso país. O povo brasileiro quer mais justiça tributária, para sobrar um pouco de dinheiro no fim do mês — em vez de sobrar mês no fim do salário”, defendeu a deputada federal Camila Jara (PT).
“Temos a chance de corrigir uma injustiça histórica na tributação e impactar a vida de 20 milhões de brasileiros, mas os extremistas escolheram defender a bagunça e anistiar baderneiros para tentar salvar o líder do golpe. Vamos cobrar a votação do que realmente é urgente e vai transformar a SUA vida!”, convocou a parlamentar.
Anistia, anistia, anistia
Entre os bolsonaristas, a prioridade é apenas a anistia. A proposta é encampada por Pollon, Rodolfo Nogueira e Dr. Ovando. Beto Pereira (PSDB) não se manifestou sobre a redução do IR até o momento. Em julho, em entrevista ao Campo Grande News, o neobolsonarista afirmou que ainda iria estudar o projeto de redução do IR.
Pollon tem sido enfático de que não aceita a redução da pena dos condenados, mas apenas a anistia ampla e irrestrita. “Dosimetria não está prevista na Constituição”, destacou Rodolfo. Os dois também vivem repetindo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só aumentar impostos.
“O Brasil necessita de coragem e grandeza para reencontrar a paz e avançar. A decisão do presidente Hugo Motta de pautar a anistia representa um gesto de resgate do patriotismo e da verdadeira união nacional. É tempo de superar a polarização estéril, estancar as feridas e restaurar o espírito de concórdia que deve reger a vida pública”, afirmou o ex-comunista Dr. Luiz Ovando (PP). Ele não se manifestou sobre a isenção, que contempla milhares no Estado.
Os quatros e Dagoberto Nogueira (PSDB) foram a favor da polêmica PEC da Blindagem, que foi enterrada pelo Senado e é rejeitada por mais de 70% dos brasileiros por defender corruptos e bandidos. Aliás, o tucano postou reunião para discutir o PL da Dosimetria e não anistia.
Na próxima quarta-feira, os deputados de MS vão deixar claro, mais uma vez, se estão no Congresso para defender o povo brasileiro ou apenas para defender interesses escusos?