Mário Pinheiro, de Paris – O presidente brasileiro, Lula da Silva, chacoalhou os líderes internacionais com seu discurso na ONU esta semana. A causa do outro, se nos causa dor, é nosso principal motivo de mudança.
As lágrimas de crianças sujas da poeira vomitada pelas bombas israelenses apenas pedem comida, porque a casa está destruída pela ganância do país vizinho que usa como pretexto o terrorismo para finalmente invadir e colonizar.
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Os escombros de centenas de prédios em Gaza escondem corpos de velhos, mulheres e crianças que não tiveram tempo de correr ou por não acreditarem na boa vontade da política colonialista.
Quando a multidão se aglomera no único corredor permitido por Israel para obter farinha, os soldados atiram no meio pra ver na correria, corpos caírem, o desespero invadir os olhos, a barriga de quem esperava recuperar pão.
As flotilhas de barcos que chegavam pra tentar entrar com medicamentos e alimentos eram bloqueados, retidos, e os ocupantes reenviados a seus países de origem. O mal é visível pelas inúmeras imagens de destruição, pelo ódio extirpado no rosto de quem manda e quem obedece.
Israel comete genocídio sim. Pior é ver imbecis exibirem bandeiras do país que tem missão bíblica matar. Sim, todos os profetas do antigo testamento foram mortos por eles. Não há terra que corre leite e mel. Os relatos de busca por comida e o encontro da morte são milhares.
Amir, um menino de cinco anos, descalço, uma camiseta azul surrada, com buracos, uma bermuda, caminhou doze quilômetros no anseio para buscar um pacote de arroz. Ele beijou a mão do americano que lhe estendeu o alimento, mas alguns minutos mais tarde o exército israelense abriu fogo lançando granada, gás lacrimogênio, balas reais. Emir foi atingido e morreu misturado à grande nuvem de poeira e fumaça sem poder levar o arroz. Se existe humanidade e se o bem ainda perdura, deve-se perguntar onde e para quem.
Emir não é um caso isolado. Ele faz parte das mais de quinze mil crianças mortas sem contar as que foram amputadas de braço e pernas.