A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), confirmou nesta sexta-feira (25) que os professores temporários da Rede Municipal de Ensino com especialização, mestrado ou doutorado não têm mais direito ao adicional de 10%. A chefe do Executivo justifica que os convocados “não têm carreira” e seguiu exemplo de outras cidades e estados.
Diante de protesto de vereadores e profissionais da categoria, o presidente da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública), Gilvano Bronzoni, convocou assembleia geral extraordinária para a esta segunda-feira (29).
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A diretoria da entidade se reuniu com uma equipe de secretários na tarde desta sexta-feira (26) e pediu a revisão de alguns pontos do edital do processo seletivo e do decreto de Adriane, publicado na quinta (25), que regulamenta a prestação de aulas temporárias e a convocação de professores da Reme.
“Muito importante é ouvir a categoria e, para isso, nós somos recebidos e teremos a resposta dos pontos que nós elencamos, que são pontos que a categoria tem nos indicado, que a gente tem estudado, pontos fundamentais para manter a valorização da educação como um todo”, declarou Gilvano.
Antes do encontro no Paço Municipal, a prefeita Adriane Lopes confirmou o temor de vereadores de que a gratificação de 10% dos professores convocados especialistas, mestres e doutores foi retirada.
“Os temporários não têm carreira. Eles entram por meio de processo seletivo. E se o contrato é temporário, não há carreira. Avaliamos como funciona em outras cidades e no próprio governo do Estado e tomamos a decisão”, disse a prefeita”, justificou Adriane, em declaração ao Campo Grande News, durante agenda pública na manhã desta sexta.
“É preciso equilibrar a balança. Não dá para manter todos os benefícios anteriores, então a mudança acontece como ajuste de gestão, para garantir mais profissionais em sala de aula”, afirma a prefeita.
Outra queixa dos professores é a regra que determina que o educador temporário que apresentar afastamento superior a 15 dias corridos terá suas aulas revogadas, sendo posicionado no final da lista de convocação.
Um protesto de professores convocados foi marcado para este sábado (27), às 8h, em frente à sede da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), contra o edital do processo seletivo de 2026. A categoria tem compartilhado uma lista com direitos retirados e limitações ao trabalho do magistério.
O decreto de n. 16.389, de 22 de setembro de 2025, foi publicado na edição do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) do dia 25 deste mês. Além da prefeita Adriane Lopes, assinam a regulamentação os secretários municipais de Educação, Lucas Henrique Bitencourt de Souza, e de Administração e Inovação, Andréa Alves Ferreira Rocha.
Em nota divulgada horas após a publicação do decreto, a ACP afirma que é contra “qualquer forma de diferenciação ou fragmentação, como já ocorreu em outras redes de ensino”.
“Reiteramos nossa posição firme na defesa da manutenção do salário-base e na luta pela efetivação de 100% da rede municipal de ensino por meio de concurso público. Campo Grande é uma das poucas cidades brasileiras que possui uma política de piso salarial para 20 horas semanais, resultado de um processo histórico construído com responsabilidade e diálogo”, diz o sindicato.