O sonho da pavimentação do Jardim Centenário, na saída para Sidrolândia, continua no papel três anos após a “festa” realizada por Adriane Lopes (PP) para marcar o início da obra de R$ 6,8 milhões. A construtora abandonou a obra após pavimentar apenas uma das 12 ruas e quatro travessas previstas e os moradores continuam convivendo diariamente com o barro e a poeira das vias sem pavimentação.
“Mais um asfalto e qualidade de vida para os moradores do Jardim Centenário”, celebrou Adriane ao dar a ordem de serviço para iniciar a pavimentação no dia 17 de junho de 2022. A previsão era concluir a obra em 14 de março de 2023.
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Só que a construtora abandonou o projeto. A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos confirmou que houve rescisão do contrasto 24 de julho do ano passado, um ano após a previsão da obra ser concluída.
“Nossa situação é muito triste e lamentável”, afirmou a residencial jurídica Talita Souza da Silva. Revoltados com o abandono e a falta de iniciativa da atual gestão, os moradores realizam protestos mensais contra a paralisação da obra de asfalto.
“Eu moro no Jardim Centenário desde que nasci. O meu bairro tem cerca de 49 anos, mas continua esquecido. Fiquei feliz quando recebi a notícia de que a minha rua, Xanxerê, e diversas outras ruas do bairro seriam contempladas com asfalto. Porém, fiquei imensamente triste ao ver que as obras foram interrompidas, as placas (foram) retiradas, sem qualquer informação sobre o destino do dinheiro ou previsão de retorno”, lamentou Talita.
“É muito difícil sair de casa para trabalhar, estudar ou até mesmo levar alguém ao médico nessas condições. Em 2021, minha mãe faleceu em decorrência de um câncer no cérebro. Ela era acamada, e só Deus sabe a dificuldade que enfrentamos. Meu pai é idoso, tem problemas no joelho, e já passamos por situações constrangedoras, como quando um motorista de aplicativo me hostilizou porque minha rua é de terra”, relatou, sobre a via crucis da família para morar no bairro.
Para sensibilizar a prefeita a agilizar a retomada da obra, os moradores criaram o movimento Pelo Asfalto 100%. “Fazemos isso porque queremos muito — e, acima de tudo, necessitamos — do asfalto”, afirmou Talita.
A obra de Adriane
Pela proposta anunciada por Adriane, que não saiu do papel, o investimento de R$ 6,8 milhões seria suficiente para 4,9 quilômetros de asfalto, sendo 4,3 km de pavimento tradicional com uso de CBUQ (Concreto Betuminoso a Quente) e 693 metros com lajota intertravada em trechos de 4 travessas: Fonte Nova, Mineirão, Morenão, Pinheirão.
A Sisep informou que está atualizando o preço da obra para lançar nova licitação. “Empresa que estava executando a obra rescindiu o contrato. Aí, vamos ter que relicitar, e quando isso acontece a gente tem que atualizar a planilha orçamentária. E na maioria dos projetos são mais de 100 itens”, informou o secretário municipal de Infraestrutura, Marcelo Miglioli, por meio da assessoria de imprensa.
“A gente atualiza a planilha, manda para a Selc (que cuida das lictações), eles devolvem indicando os ajustes que a gente precisa fazer, concluído o trabalho ainda tem o cheklist. Sem contar as outras etapas até a assinatura do contrato e da Ordem de Serviço”, informou.
O dinheiro é do Ministério de Desenvolvimento Regional e está na conta da prefeitura, mas esbarra na gestão Adriane Lopes.