Na audiência de prestação de contas da saúde nesta segunda-feira (29) na Câmara Municipal, uma mulher fez um depoimento desesperado sobre o sofrimento, o descaso, a dor e a morte enfrentada pelas crianças e mães atípicas em Campo Grande. É um relato dramático ignorado pelas autoridades “cristãs”, que fazem campanha em nome de Deus, gabam-se de ser missionários e pastores, ganham votos, mas não mostram exemplos práticos do que pregam.
Missionária da Assembleia de Deus Missões, a prefeita Adriane Lopes (PP) enfrenta protestos de mães atípicas desde a posse, em abril de 2022, e ainda não solucionou o problema. Nem a Justiça consegue sensibiliza-la.
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Durante audiência, uma mãe contou que mesmo com liminar determinando a entrega de alimento especial para o filho, não consegue retirá-lo no CEM (Centro De Especialidades Médicas) porque o produto está em falta. “Estou há quatro meses sem pegar a dieta para o meu filho, com liminar na mão, chego no CEM e não tem”, lamentou.
Em seguida, ela descreveu o drama de outras mães, como uma que teve duas pernas amputadas e precisa de uma nova cirurgia para evitar nova amputação. A paciente chegou a ficar dois meses internada na Santa Casa a espera do procedimento, que não foi autorizado.
Outro problema é que a prefeitura, a mesma que se gaba de gastar R$ 2 bilhões com saúde, compra fraldas de baixa qualidade para entregar às crianças com necessidades especiais. O material machuca os pequenos. “Compram fraldas em caráter emergencial de baixa qualidade”, criticou a mãe.
““NINGUÉM AGUENTA MAIS O DESCASO COM A SAÚDE! Hoje, na Audiência Pública de Prestação de Contas da SESAU, o que ecoou foi o forte grito desesperado das Mães Atípicas!
Ouçam. Ela só disse a verdade! Triste demais essa irresponsabilidade da prefeita Adriane Lopes com a vida das pessoas de Campo Grande!”, solidarizou-se a vereadora Luiza Ribeiro (PT).
“Nada do que foi dito pelos gestores se confere na realidade das UPAS, CRS, CAPS, na falta de vagas nos hospitais, na falta de medicamentos, no reiterado descumprimento das ordens judiciais de fornecimento de dietas, fraldas e suprimentos às pessoas com deficiência, no acinte de ter ambulâncias do SAMU Zero Km paradas no pátio, na falta até de nomeação de um/a secretária/o municipal de saúde, na ausência de contratação da Santa Casa, na inexistência de tratamento odontológico, na inexistência de um simples aparelho de RX.
Chega! Tolerância zero com essa gestão!”, cobrou a petista.
O vereador Landmark Rios (PT) tem uma lista de remédios em falta no CAPs (Centro de Atendimento Psicossocial). Pessoas com problemas mentais estão interrompendo o tratamento por falta de medicamentos, um problema denunciado na gestão de Adriane desde o ano passado. Na época, a prefeita afirmou que era vítima de sabotagem.
A mãe atípica lamentou que vereadores, que conhecem a realidade por meio de mensagens e pedidos de socorro, compareceram à audiência para elogiar a gestão de Adriane e o comitê gestor, criado sem respaldo legal para gerir a Secretaria Municipal de Saúde.
“Pela saúde de Campo Grande! Nossa defesa é clara: garantir mais qualidade no atendimento público com compra de medicamentos, aumento de leitos hospitalares e valorização dos profissionais da saúde. Essas conquistas só serão possíveis com a união de esforços entre União, Estado e Município, trabalhando juntos para que a população tenha uma saúde pública humanizada, eficiente e de qualidade”, afirmou o vereador Dr. Victor Rocha (PP), presidente da Comissão de Saúde e cotado para assumir a secretaria.
No entanto, de acordo com o superintendente regional de Saúde, Ronaldo Souza, o problema não é falta de dinheiro, mas falta de empenho. A maior parte do montante previsto para este ano ainda não foi gasto pela gestão de Adriane.
E a população paga a conta, com sofrimento, dor e agonia sem fim. Falta um cristão de verdade que tenha pena e misericórdia do povo de Campo Grande. Até quando?