A Prefeitura de Campo Grande elevou em 5,86% o gasto com pessoal de janeiro a agosto deste ano, apesar dos servidores municipais terem reajuste linear zero nos últimos três e do decreto de gastos, que suspendeu pagamento de gratificações e adicionais, em vigor desde março deste ano. O único aumento no primeiro semestre foi o reajuste nos salários da prefeita Adriane Lopes (PP), da vice-prefeita Camilla Nascimento de Oliveira (Avante), dos secretários municipais e dos 470 detentores dos maiores salários.
O aumento da folha apesar da propaganda oficial de Adriane, de que cortou o pagamento de adicionais e gratificações e suspendeu promoções, intrigou os vereadores na audiência para prestação de contas nesta terça-feira (30).
Veja mais:
O depoimento desesperado de mãe atípica que as autoridades “cristãs” não ouvem na Capital
Ex-secretário de Saúde, Jamal antecipa fracasso de comitê e diz que falta gestão de Adriane
MPE abre inquérito e cobra explicações da Sesau e de Papy sobre desvios de R$ 156 mi na saúde
Até o segundo quadrimestre, o gasto com pessoal somou R$ 2,208 bilhões, contra R$ 2,086 bilhões no mesmo período do ano passado, conforme a assessoria da Câmara Municipal. Apenas no segundo quadrimestre, o aumento foi de 14%.
A secretária municipal de Finanças, Márcia Helena Hokama, não citou o aumento no próprio salário de 63,7% em abril deste ano, quando saltou de R$ 11.619, 70 para R$ 19.028,90. De acordo com o Portal da Transparência, o salário de Adriane teve aumento de 26,70%, passando de R$ 21.263,62, em março deste ano, para R$ 26.943,05 em abril. Houve acréscimo de R$ 5.979,43 no subsídio da progressista.
A vice-prefeita Camilla Nascimento de Oliveira teve acréscimo de 40% no subsídio, de R$ 15.947,03 para R$ 22.334,53. Conforme o Portal da Transparência, o aumento engordou o vencimento da secretária de Assistência Social em R$ 6.387,50. Além disso, há um grupo de servidores abençoados que receberam por fora, por meio de uma folha que exige dados completos para ser acessada no Portal da Transparência.
No entanto, Márcia culpou os guardas municipais, que teriam tido reajuste de 20% em setembro do ano passado e 8% neste ano. De acordo com a secretária, os professores tiveram correção de 10% em setembro e de 5% a 10% em dezembro do ano passado. Ela ainda culpou os agentes de saúde e de endemias, com reajuste de 7,44%, que é custeado pelo Governo federal.
“Todo aumento concedido para o efetivo, a grande maioria dos servidores do município tem paridade e integralidade. Ou seja, o aumento concedido para os ativos afeta também os inativos”, afirmou, culpando também os aposentados pelo reajuste. Só que entre os servidores, a queixa geral é de que não tiveram reajuste linear desde 2022, quando Marquinhos Trad deixou 10% de aumento salarial. Desde a posse de Adriane, que é evangélica, a maioria dos 30 mil servidores não teve a reposição da inflação, como determina a Constituição.
Nesta segunda-feira (29), a prefeita prorrogou o decreto “da maldade” por mais 90 dias com o objetivo de manter os cortes, aqueles que só impõem sacrifícios aos outros.