Albertino Ribeiro – Por incrível que pareça, mesmo com um Congresso reacionário e mais indecoroso da história do Brasil, a isenção do imposto de renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil foi aprovada na Câmara. Agora seguirá para o Senado, onde o clima é ainda mais favorável, pois existem menos congressistas indecorosos lá, ainda bem.
Finalmente o país caminha para uma justiça social. Depois da aprovação da reforma tributária, que organiza o sistema tributário brasileiro e o torna menos injusto, demos mais um passo.
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Em qualquer país democrático e decente, os ricos pagam mais impostos em termos de proporção. O Brasil sempre esteve fora desse contexto, penalizando os mais pobres.
Uma teoria que sempre alimentou a elite brasileira e muitas vozes do mercado financeiro é a chamada teoria do gotejamento, conhecida também como trickle-down economics. Segundo ela, os ricos deveriam pagar menos impostos, pois sua prosperidade gotejaria para os mais pobres. Isso porque os ricos investiriam mais e gerariam mais empregos e renda para a sociedade. Ora, nada mais enganoso; e quem mostra isso é a própria realidade.
Pesquisas da Oxfam Têm mostrado que, enquanto a fortuna da turma do 1% mais rica do mundo aumenta, a renda de grande parcela da sociedade tem diminuído ou ficado estagnada; com isso a desigualdade social só aumenta.
Com a isenção do imposto de renda, a renda líquida daqueles que ganham até R$ 5 mil sofrerá um aumento. Segundo estimativas, 16 milhões de brasileiros serão beneficiados, melhorando o poder aquisitivo de boa parte da população, o que aumentará o consumo, gerando mais empregos. Além disso, boa parte desses gastos adicionais, voltarão para o governo em forma de tributos.
É óbvio que muita coisa ainda precisa mudar; não é somente melhorando a capacidade de consumo da população que o país encontrará o caminho do desenvolvimento. Ainda é necessário que, juntamente com as políticas de melhoria de renda, tenhamos uma política industrial que aumente a capacidade tecnológica dos nossos produtos e diminua nossa dependência de bens primários, pois estes não geram empregos e nem renda de qualidade para a maioria dos trabalhadores.