O drama das mães atípicas continua em Campo Grande. Com a falta de leite, insumos, dietas especiais e fraldas para os filhos, elas voltaram a realizar novo protesto na tarde desta sexta-feira (10) na Prefeitura de Campo Grande e na Avenida Afonso Pena, no Jardim dos Estados. Entre a revolta, o desespero e a indignação, elas questionavam a equipe de Adriane Lopes (PP): “e (cadê) o Deus que eles tanto pregam”.
Missionária da Assembleia de Deus Missões, Adriane fez a campanha falando em Deus, mas não se sensibilizou, até o momento, em resolver o problema de 300 a 450 mães, que sofrem com a falta de condições para dar uma vida digna aos filhos.
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Durante o protesto, elas foram atacadas pelas assessoras da prefeita, Viviane Tobias e Juliana Gaioso. Conforme relatos, elas xingaram o grupo de ser “abortista” devido ao apoio da vereadora Luiza Ribeiro (PT).
Nas faixas, o grupo pediu a instalação da CPI da Saúde para investigar a atual gestão. Apesar do colapso da Santa Casa, que responde por 80% do atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde) mas segue sem contrato oficial com o município, do caos na rede público e da falta de medicamentos, médicos e vagas em hospitais, Adriane não conseguiu definir ainda o novo titular da Sesau.
Luiza criticou o relapso de uma Capital com quase um milhão de habitantes não ter ninguém para responder pela saúde. “Infelizmente, eu nunca vi Campo Grande nessa situação desde 2006, quando cheguei aqui”, lamentou uma mãe. Ela criticou Adriane por não ter diálogo nem respeito com as mães atípicas.
Segundo Camila Frates, o protesto reuniu 30 mães debaixo de chuva no Paço Municipal. Muitas mães não foram porque são obrigadas a levar os filhos e as crianças não podiam se molhar em decorrência da vulnerabilidade devido aos problemas de saúde.
“Estamos ouvindo falar de Deus, de compaixão. A gente precisa de competência e compromisso com o povo”, gritou uma mãe no megafone. Ela contou que a Sesau exige documentos, mas as prateleiras do CEM (Centro de Especialidades Médicas) continuam vazias e as mães atípicas voltam para casa de mãos vazias.
O problema das mães atípicas ocorre há vários anos e não foi resolvido pela atual prefeita. Adriane só acusou as mães atípicas de atuarem politicamente, mas passada as eleições, ela ainda não resolveu o problema e o drama continua, apesar da missionária da Assembleia de Deus Missões viver postando orações e mais orações nas redes sociais.
Até quando as mães atípicas vão continuar sofrendo em Campo Grande? Até quando os “cristãos” vão se fazer de surdos diante de um problema tão grave e triste?