Albertino Ribeiro – Cada vez mais as pessoas deixam de usar o dinheiro físico. Se por um lado ficou mais prático, por outro, o novo hábito está aumentando o endividamento das famílias. Pesquisas da neurociência tem mostrado que fazer compras em ambientes virtuais afeta a tomada de decisão das pessoas quando fazem compras.
Estudos têm mostrado que a insula, região do cérebro que é acionada quando sentimos dor, também é acionada quando temos perda financeira. Mas isso acontece quando utilizamos dinheiro físico. Se utilizarmos o dinheiro virtual ou até mesmo o cartão de crédito , a insula não é ativada.
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Veja que coisa, leitor. Dessa forma, a pessoa tem a sensação de que não está gastando dinheiro de verdade. Somente depois que “a ficha cai”, ele amarga o prejuízo.
Destarte, com o dinheiro virtual sendo utilizado cada vez mais, temos uma bomba relógio armada para um futuro quase distópico, com as famílias super endividadas. Pois é, se hoje temos 70% das famílias brasileiras endividadas, imagina daqui a uns 10 anos , por exemplo.
O endividamento empobrece as pessoas, gerando crises familiares, divórcios e muitas inseguranças, dentre elas a insegurança alimentar.
O consumo da economia ficará comprometido, provocando queda na receita das empresas e desemprego.
Para aumentar ainda mais o problema do sub consumo provocado pelas dívidas, ainda temos as bets, que são todas virtuais, o que provoca uma sinergia negativa com as demais compras.
É necessário o Estado pensar em políticas públicas que possam, pelo menos, mitigar os efeitos deletérios dessa nova realidade, inclusive, lançar um olhar diferente sobre os super endividados, não os vendo como irresponsáveis, mas vítimas de uma realidade para qual o cérebro ainda não está preparado.