Quinze vereadores votaram contra o projeto de lei, apresentado por Marquinhos Trad (PDT), que dava mais transparência na divulgação dos salários dos servidores municipais na Prefeitura de Campo Grande. A proposta acabava com a polêmica “folha secreta”, como ficou conhecido do escândalo do pagamento de penduricalhos para apadrinhados de Adriane Lopes (PP) nas eleições do ano passado.
Para espanto da sociedade, apenas seis dos 29 vereadores votaram a favor do Projeto de Lei 11.972, que ampliava transparência na divulgação da folha de pagamento do município. Um ano após a eleição, a maioria dos parlamentares deu às costas ao clamor da sociedade, por mais transparência no gasto do dinheiro do povo.
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Os vereadores a favor da transparência foram:
- Ana Portela (PL)
- Dr. Jamal (MDB)
- Jean Ferreira (PT)
- Landmark Rios (PT)
- Luíza Ribeiro (PT)
- Marquinhos Trad (PDT)
O ex-prefeito lembrou que na sua gestão não foi preciso intervenção do Tribunal de Contas do Estado para obrigar a divulgação no Portal da Transparência. “Na minha gestão, o Tribunal de Contas jamais precisou firmar Termo de Ajustamento de Gestão. Os secretários não recebiam super salários.”, pontuou.
Adriane optou por divulgar o salário do servidor como prevê a legislação e de forma acessível. No entanto, os penduricalhos, que quase dobram os salários, só podem ser acessados por quem tem conhecimento do número do CPF do secretário, apadrinhado ou comissionado. Os outros órgãos, inclusive do TCE, o Governo do Estado e o Tribunal de Justiça não dificultam o acesso às informações.
“O bom servidor não teme a transparência, porque é por meio dela que se distingue quem trabalha com honestidade de quem abusa do cargo. Este projeto evitaria qualquer discussão política ou eleitoral sobre folhas secretas ou salários superfaturados. Quem não deve, não teme”, afirmou Marquinhos.
“É natural que quem teme a transparência queira barrar projetos como este. Mas nosso compromisso é com o povo, com a verdade e com o bom uso dos recursos públicos. Vamos seguir insistindo em uma gestão que respeite cada centavo do contribuinte e garanta à população o direito de saber como a cidade é administrada”, reforçou o pedetista.
“Se a população paga imposto, ela tem que saber para onde está indo o recurso dela. O projeto já é bem específico, põe sobre a forma de divulgação da remuneração dos agentes públicos. Por isso, eu voto sim”, destacou Ana Portela, a única bolsonarista a votar a favor do projeto.
Os outros dois aliados de Adriane, os vereadores André Salineiro e Rafael Tavares, do PL, não participaram da votação.
Landkmar destacou que a proposta era importante para acabar com a polêmica folha secreta e dar à população instrumentos para saber qual o rendimento de cada servidor. Ele disse que a transparência não está clara hoje e isso precisava ser corrigido.
Votaram contra a transparência no pagamento os seguintes vereadores:
- Beto Avelar (PP)
- Carlão (PSB)
- Clodoilson Pires (Podemos)
- Dr. Victor Rocha (PSDB)
- Fábio Rocha (União Brasil)
- Flávio Cabo Almi (PSDB)
- Herculano Borges (Republicanos)
- Júnior Coringa (MDB)
- Leinha (Avante)
- Maicon Nogueira (PP)
- Professor Juari (PSDB)
- Professor Riverton 9PP)
- Ronilço Guerreiro (Podemos)
- Veterinário Francisco (União Brasil)
- Wilson Lands (Avante)
Não é a primeira vez que os vereadores ignoram os princípios da boa gestão pública e dão as costas para a população de Campo Grande.
A atual legislatura, com dez meses, já caminha para ser uma das piores na história, justo em um momento que a cidade sofre com a falta de recursos, de gestão, com buracos, falta de remédios na saúde, obras paradas e escândalos.