A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), decidiu repetir o “presente de Natal” e vai cortar, novamente, os salários dos 1,5 mil comissionados para garantir o pagamento do 13º. A progressista comunicou o secretariado, durante reunião realizada nesta semana, que vai ser obrigada a reduzir os vencimentos para fazer caixa e ter condições de honrar os compromissos tradicionais de fim de ano.
Adriane vai cortar gratificações de função e adicionais dos 1.535 funcionários lotados em cargos de confiança. O corte vai ocorrer nos salários referentes aos meses de novembro e dezembro deste ano. A informação é de que o corte representará 30% do valor pago de janeiro até agora.
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Um integrante do primeiro escalão confirmou a informações, mas assegurou que a redução não chegará a 30%. Ele afirmou que as medidas são necessárias para reduzir o gasto com pessoal, que chegou a 57% no segundo quadrimestre deste ano, conforme a prestação de contas feita pela secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama.
O corte de salários dos comissionados nos meses de novembro e dezembro foi adotado pela prefeita no final do ano passado, logo após ser reeleita. Na ocasião, muitos interpretaram a medida da chefe do Poder Executivo, como uma espécie de agradecimento pelo empenho na sua campanha pela reeleição.
Alguns funcionários comentaram com O Jacaré, no ano passado, que receberam o salário sem o plano de trabalho e a redução chegou a 70% em relação ao valor pago nos meses anteriores. “Uma tristeza”, comentavam nos grupos de aplicativos sobre o valor pago.
Na Agência Municipal de Tecnologia, houve servidor que contou ter recebido salário com perda de R$ 7 mil. “Na agência, a queda foi gigante, estão recebendo esse mês e final de ano muito abaixo do que o mercado paga”, lamentou outro.
“Uma tristeza essa tentativa de desconstrução de tudo que o Marquinhos (Trad, antecessor de Adriane) construiu”, pontuou um outro.
No ano passado, Adriane não oficializou os cortes em decreto ou portaria. Os penduricalhos foram reduzidos apenas pelo anúncio pela prefeita, sem qualquer publicação no Diário Oficial de Campo Grande. E não houve nenhuma medida contra a prefeita, nem dos bolsonaristas, os novos paladinos da moralidade e defensores dos pobres, nem da oposição, liderada pelos petistas e pelo ex-prefeito Marquinhos Trad (PDT).
Sortudos escapam de sacrifícios
Adriane, a vice-prefeita Camilla Nascimento de Oliveira (Avante) e os secretários municipais foram os únicos que não foram castigados pela atual gestão. A maioria dos 30 mil servidores está com os salários congelados desde 2023 e emendaram o 3º ano consecutivo sem a reposição da inflação, um direito constitucional.
O salário da prefeita terá reajuste de 66% dividido em três vezes e chegará, de R$ 21.263, pago até março deste ano, a R$ 35.462 em fevereiro de 2027. O reajuste dos secretários será de 159%.
Além do congelamento dos salários, Adriane, que é missionária da Assembleia de Deus Missões, publicou um decreto que suspendeu gratificações e adicionais dos servidores. Algumas categorias, como guardas municipais e profissionais de enfermagem, conseguiram ganhar na Justiça o direito a gratificação pelo trabalho em local de difícil acesso.