Mário Pinheiro, de Paris – Dois acontecimentos importantes com ligados em política, guerra e paz desta semana. O primeiro é o discernimento do Nobel da Paz para Maria Corina Machado. Talvez o júri tenha acertado em escolher uma mulher que luta pela democracia na Venezuela antidemocrática de Maduro. Deixada à margem, excluída pelo autoritarismo do ditador nas últimas eleições manchadas pela falcatrua, ela se viu no direito de delatar os erros de defesa e ataque do presidente. Mas ela não tem nada ou quase nada de paz, porque Maria é favorável a invasão norte-americana em seu país e a CIA já recebeu sinal verde para agir.
No mais, ela ofereceu o título a Donald Trump, e isso mostra que estamos diante de lambe-botas do ianquismo. Se o presidente americano deseja realmente um dia alcançar e conquistar o prêmio oferecido a Maria, ele deveria ser um instrumento pela paz e não um vendedor de armas potentes e atiçar invasões contra a Venezuela.
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Que o país não seja democrático é uma coisa, declarar guerra é outra. Mas a Venezuela tem um vasto campo de petróleo e figura como o segundo maior produtor do planeta e isso interessa muito aos Estados Unidos.
Em segundo temos a troca de prisioneiros israelenses contra prisioneiros palestinos. O presidente americano festeja o fim das hostilidades israelenses contra Gaza, assim como a chegada daqueles que não viam a cor do sol há anos.
O plano dele era ao menos ser indicado ao prêmio Nobel, já que pôs fim a “sete” guerras, segundo ele. O entrave maior continua sendo o primeiro ministro de Israel que “aceitou” o plano de paz, mas tudo não passa de uma jogada de marketing para Trump, porque Netanyaho jamais quis interromper a invasão e o fim dos palestinos.
Ele esteve presente para ser aplaudido de pé na Câmara dos Deputados de Tel Aviv sem jamais pronunciar o direito do Estado Palestino reconhecido por inúmeros países. Netanyaho não deseja o reconhecimento do Estado vizinho porque isso acarretaria, em termos legais e na ótica do direito internacional, que Israel reconheça o que até agora ignora, que saia das terras ocupadas, que pague pelas destruições. O primeiro ministro israelense continua na lista de criminosos de guerra, tem mandado internacional de prisão pela Interpol, caso pise num país aliado da corte penal internacional de Haia.
O conflito entre Hamas e Israel deve recomeçar dentro de poucos dias, essa é a promessa de Netanyaho, caso o grupo terrorista não entregue as armas. O Hamas já havia dito que se desarmar não está escrito nem nos sonhos, o que demonstra que estão aptos a morrer ou matar.
A trégua já foi desrespeitada por ambos os lados. Os palestinos que fugiram a força por ordem imperativa do exército de Israel já podem voltar para casa. O paradoxo do absurdo não entra na cabeça de quem se acha pensante, pois não existem casas, tudo virou ruína. O Hamas tenta lavar a honra ao executar os próprios patriotas que provavelmente contribuíram com o país opressor.
Trump, que espera ter recuperado um pouco de sua popularidade perdida nesse meio tempo na cúpula do Egito que reuniu importantes líderes políticos do Oriente Médio, vociferou aos quatro cantos que “se o Hamas não entrega as armas, nós o faremos”, prometeu.
Esse pequeno período que cheira paz, onde as famílias podem buscar o que comer, pode acabar. Se havia genocídio sem a consciência da comunidade internacional, o massacre final pode estar na fila de espera.