O Gaeco (Grupo de Atuação Especial na Repressão ao Crime Organizado) denunciou 10 pessoas, incluindo quatro guardas municipais, um advogado e os empresários Jamil Name, 80 anos, e Jamil Name Filho,42, por obstrução de investigação e impedir a delação premiada de Marcelo Rios. O guarda municipal estava disposto a colaborar com a Justiça com provas e informações contra o grupo de extermínio.
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As revelações constam da denúncia protocolada ontem (9) na Justiça. Quatro promotores pedem denunciaram os empresários, o advogado Alexandre Gonçalves Franzoloso, 48, o policial civil aposentado Vladson Daniel Olmedo, 60, o policial civil Márcio Cavalcanti da Silva, 63, o militar reformado Andrison Correia, 43, Eltom Pedro de Almeida, 53, e os guardas municipais Alcinei Arantes da Silva, 35, Rafael Carmo Peixoto Ribeiro, 36, Rafael Antunes Vieira e Robert Vitor Kopetski.
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Eles teriam agido para impedir a investigação das execuções do chefe de segurança da Assembleia, Ilson Martins Figueiredo, Orlando da Silva Fernandes, o Bomba, e Matheus Coutinho Xavier.
“Ficou demonstrado que esses crimes de homicídio foram meticulosamente planejados e executados por uma organização criminosa, em autêntica divisão de tarefas, com as vistas a ludibriar as autoridades envolvidas na persecução criminal e, via de consequência, obter a impunidade”, destacam os promotores Tiago Di Giulio Freire, Gerson Eduardo de Araújo, Marcos Roberto Dietz e Thalys Franklyn de Souza.
“Durante as investigações voltadas a apurar o crime de organização criminosa, logrou-se identificar uma das pessoas responsáveis pela custódia do armamento pertencente ao grupo de extermínio composto pelos denunciados, o que resultou na prisão em flagrante de MARCELO RIOS”, pontuam.
No entanto, ao tentar desvendar quem eram os chefes do guarda municipal, o Garras passou a ter dificuldade em concluir as investigações. A mulher de Rios passou a ser assediada pelo grupo, com oferta de dinheiro, telefone e do que precisasse para ficar quieta. Como a esposa teria feito revelações, eles passaram a fazer ameaças de morte.
“Restou apurado durante as investigações promovidas pela força-tarefa da Polícia Civil e pelo GAECO a existência de uma organização criminosa liderada pelos denunciados JAMIL NAME e JAMIL NAME FILHO, o qual conta com a atuação de guardas municipais, policiais civis (ativa e aposentados), dentre outras pessoas, para a execução dos crimes de homicídios e outras atividades ilícitas afins”, explicam.
“As ordens determinadas pelos líderes da organização criminosa (JAMIL NAME e JAMIL NAME FILHO) tinham como finalidade a execução dos homicídios de desafetos, assim como o cumprimento de tarefas destinadas a impedir ou dificultar as investigações criminais em andamento contra essa milícia armada e, por consequência, garantir a impunidade”, destacam.
Na denúncia de 71 páginas, o Gaeco cita a operação limpeza feita na cobertura de Jamil Name Filho logo após a prisão de Marcelo Rios. Parte do material teria sido recuperado em uma das casas que foram alvos dos mandados de busca na Operação Omertà, autorizada pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira no dia 27 de setembro deste ano.
“A limpa no apartamento de JAMIL NAME FILHO foi confirmada por ocasião da deflagração da Operação Omertà, quando se verificou, durante o cumprimento de mandado de busca de apreensão no local, que o imóvel estava vazio”, ressaltaram os promotores. Eles desconfiam que foram retirados do local armas de fogo, dinheiro e provas que o ligavam à milícia armada.
O advogado Alexandre Franzoloso é acusado de usar a prerrogativa da profissão para coagir as testemunhas, no caso a esposa do guarda municipal, e impedir Marcelo Rios de fechar acordo de delação premiada.
Supostamente a mando de Jamil Name Filho, um dos guardas prometeu a mulher que Marcelo Rios não seria demitido da Guarda Municipal desde que “ela ficasse de boca fechada”. “Na sequência, deixou claro o risco de vida que ela corria, dizendo-lhe ‘se ela também abrisse a boca, ela seria morta primeiro e depois matariam Marcelo na cadeia”, contam os promotores.
Preso no Presídio Federal de Campo Grande, com autorização para ir para Mossoró, Marcelo Rios oficializou a proposta de colaboração premiada no início de agosto deste ano. O Gaeco prometeu incluir esposa e filhos no programa de proteção a testemunhas.
A esposa deixou claro que o acordo não teria sido fechado por cauda de Franzoloso. “Ou seja, não há ‘criminalização da advocacia’, mas sim a responsabilização daquele agente que usa da advocacia para perpetrar crimes. Com efeito, o denunciado ALEXANDRE GONÇALVES FRANZOLOSO, desde o início, usou de sua condição de advogado para embaraçar as investigações envolvendo uma organização criminosa de altíssima periculosidade”, reforçam, repetindo argumentos já usados pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira para decretar a prisão temporária do advogado, revogada pelo desembargador Sideni Soncini Pimentel a pedido da OAB/MS.
Esta denúncia de obstrução de investigação contra os 12 será analisada pela juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal de Campo Grande.
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