Com apenas um voto contra, uma abstenção e rasgados elogios, 22 deputados estaduais reelegeram Zé Teixeira (DEM) para a primeira secretaria da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Denunciado por integrar o suposto esquema de pagamento de propina da JBS no Superior Tribunal de Justiça, ele vai comandar o cofre do legislativo estadual pela 4ª vez consecutivo.
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O atual presidente, Paulo Corrêa (PSDB), foi reeleito com o voto de 23 dos 24 deputados estaduais, assim como o 1º vice-presidente, Eduardo Rocha (MDB), e o 3º secretário, Pedro Kemp (PT). O 2º vice-presidente, Neno Razuk (PTB), o 3º vice-presidente, Antônio Vaz (Republicanos), e o 2º secretário, Herculano Borges (SD), tiveram 22 votos.
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Apenas Capitão Contar (PSL), que se apresentou como opção ao cargo de primeiro secretário, lembrou a Operação Vostok e a denúncia contra Teixeira no STJ. Ele lamentou a recondução do democrata por ter sido indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público Federal por lavagem de dinheiro e corrupção no STJ.
Conforme a denúncia da subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, Zé Teixeira emitiu R$ 1,6 milhão em notas frias para regularizar o pagamento de propina pela JBS ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Ele ainda teria repassado R$ 600 mil para a empresa de Ivanildo da Cunha Miranda, que vendeu três fazendas para familiares do tucano.
O capitão defendeu a renovação da mesa diretora e lamentou a aprovação de medidas impopulares a toque de caixa pelo legislativa, fazendo menção ao aumento de impostos e a redução de 32% no salário de 9 mil dos 18 mil professores da rede estadual. Contudo, o deputado fez elogios à direção do legislativo pelas inovações, conclusão de obras e pela condução no atual momento da pandemia da covid-19.
Coronel David (sem partido) se absteve de votar para o cargo de primeiro secretário. Com a decisão, não deu aval à Zé Teixeira, que chegou a ser preso na Operação Vostok, nem ao ex-companheiro de partido.
No 11º mandato de deputado estadual, Londres Machado (PSD) elogiou o trabalho do democrata na primeira secretaria. “Voto no Zé Teixeira pelo trabalho de gestão que fez na Assembleia Legislativa”, ressaltou. Ao lembrar que foi presidente do legislativo por 14 anos, o decano destacou que Corrêa fez fazendo “grande trabalho”.
O deputado estadual Pedro Kemp (PT) também fez elogios ao trabalho do primeiro secretário, com quem já trocou farpas em grandes debates no plenário em relação a questão indígena e sem-terra. “Conhecia o Zé Teixeira como produtor rural. Como gestor me surpreendi com a capacidade e competência na gestão”, ressaltou o petista.
Kemp explicou que o voto não era ideológico nem partidário. No entanto, ele explicou que, mesmo sendo de oposição e de minoria, não teve problemas para realizar o trabalho no legislativo diante da atual gestão de Paulo Corrêa. “Tive espaço para me manifestar e fazer propositura (do mandato)”, afirmou.
Durante a votação, a CPI da Energisa, travada por ordem judicial, causou polêmica. Os deputados Contar, Lucas Lima (SD) e Felipe Orro (PSDB) se queixaram da falta de apoio da mesa diretora para destravar a investigação e da falta de autonomia.
O desempenho dos integrantes da comissão foi duramente criticado por Eduardo Rocha. O emedebista vaticinou que a CPI não dará em nada. Apesar da gritaria, ele teve os votos de Lucas Lima e Orro.
Feliz com a recondução sem sobressaltos, Zé Teixeira agradeceu aos deputados. “Aos 80 anos, no 7º mandato como deputado estadual, só vou trabalhar e organizar a casa”, afirmou o democrata.
Paulo Corrêa também agradeceu o apoio de todos os deputados estaduais. No discurso, ele frisou que o cargo de presidente não torna maior que nenhum outro integrante do legislativo estadual. O tucano lembrou da pandemia da covid-19 e citou as vítimas da doença no Brasil e no mundo.