O JacaréO Jacaré
    Facebook Instagram Twitter
    O Jacaré O Jacaré
    • Início
    • Últimas Notícias
    • Sobre o que falamos
    • Nosso Livro
    • Converse com a gente
    Home»Opinião»No Divã Em Paris – A virtude não faz conluio
    Opinião

    No Divã Em Paris – A virtude não faz conluio

    Edivaldo BitencourtBy Edivaldo Bitencourt16/03/20244 Mins Read
    Facebook Twitter WhatsApp Telegram Email LinkedIn Tumblr
    WhatsApp Facebook Twitter Telegram LinkedIn Email
    Mário Pinheiro, de Paris

    Quem tem honra e princípios morais, não troca a liberdade por dinheiro, nem pela dignidade, nem por condições efêmeras, nem pela fuga, muito menos pelo subterfugio judicial. Para Sócrates e seu mais popular discípulo, Platão, a virtude é algo acima de qualquer riqueza humana, é uma super qualidade.

    Sócrates, acusado injustamente por dois invejosos de seu tempo, manteve-se calmo, dizia que “desobedecer a lei é manifestar um espírito de desobediência ao conjunto do sistema jurídico”. O pai da maiêutica, Sócrates, diz que a virtude pode ser ensinada, é a arte da pedagogia. Ele aceitou a condenação de seu tempo, morreu. O cinismo vivido e ensinado por Diógenes de Sinope não entra no rol das virtudes embora ele tenha vivido como um sem-teto.

    Veja mais:

    No Divã Em Paris – Migalhas do desespero em verde e amarelo

    No Divã Em Paris – Com violência banalizada, Palestina vira gueto e fala de Lula é justa

    No Divã Em Paris – Razão e vazio na confabulação do golpe militar de Bolsonaro

    Temos por exemplo, a epopeia de Ulisses contada por Homero, vista como a virtude do guerreiro que enfrenta a dor da separação imposta por Poseidon. Depois do naufrágio, na luta por recobrar a memória de que era casado, retorna aos braços de sua adorável Penélope 20 anos depois, mas a aventura de Ulisses, tão distante de sua ilha Itaque, ao lado da mitologia e da legenda, vem banhada de algumas mentiras reveladas por Horkheimer e Adorno na dialética da razão. Esta mentira é mencionada por Nietzsche ao afirmar que “estamos acostumados a mentir desde nossos ancestrais”.

    Em seguida entra a violência nua e crua presente na história de Ulisses e violência não casa com virtude. Para os alemães é dialético. E a razão na dialética não excede a compreensão. Emanuel Kant afirma que existe somente uma virtude e que seu contrário é o vício. O papel do vício é derrubar qualquer virtude, é dialético. Na dialética violenta de uma guerra é que um grupo pede paz enquanto outro, pelo vício de produzir e vender armas, enche a conta bancária distante da virtude.

    Ao falar de violência é necessário procurar onde estaria a virtude da polícia e de bandidos. A primeira, mata negros e debocha dos direitos fundamentais do ser humano, o segundo simplesmente não sabe o que é trabalho e se deita sobre o vício da cocaína.

    Tudo que resulta da opressão, da violência, da crueldade, de tiranias e injustiças, não possuem virtude para Horkheimer e Adorno. Essas ‘des’qualidades repousam sobre o fascismo. Virtude vem de berço, da boa orientação e educação dos pais. Rousseau retoma esta virtude cívica como sendo a expressão do engajamento moral com a sociedade.

    Thomas Jefferson, grande leitor de Rousseau e defensor da independência americana, acrescenta que a virtude cívica é moral, intelectual, espiritual, ela torna perfeita o desejo de justiça, de paciência e de moderação. Mas a kukluxklan que perseguia negros e os queimava depois da tortura, nunca teve virtude embora se autoproclamasse protestante assim como o Macartismo que fazia uma caça aos que pensavam diferente como se fosse Dom Quixote numa batalha de vento, mas contra o anticomunismo. Virtude não é enfiar uma bíblia sob o braço, vomitar versículos e dar glória pela intolerância.

    Em Maquiavel a virtude é o conjunto de qualidades que o príncipe deve ter para conquistar o poder, consolidá-lo e garantir a estabilidade. Ela vem ligada a certos valores morais partilhada por quem apresenta coragem, determinação, agilidade, pragmatismo e audácia. O homem, ou o político, sem virtude é como saco vazio sem nada a oferecer. Maquiavel possuía sua guarda pessoal, era republicano e pretendia uma mudança de sistema político sem o controle da igreja de seu tempo. Para Montesquieu a virtude deve estar no centro das atenções de um governo para evitar as insurreições numa eventual troca de regime pelo despotismo ou a tirania.

    Ao exibir metralhadora por um presidente e desejar a instalação de um sistema dominado por uma família oligárquica, um autoritarismo militar pra terminar o trabalho sujo, incompleto, do período ditatorial brasileiro, está sinal de completa ausência de virtude e de inteligência. É simplesmente loucura, alucinação e demência.

    (*) Mário Pinheiro é jornalista pela UFMS, mestre em Sociologia da Comunicação, filósofo e doutor em Ciências Políticas ambos por Dauphine, Paris. Ele escreve aos sábados.

    ditadura militar filosofia MÁRIO PINHEIRO NO DIVÃ EM PARIS política nacional reflexão de fim de semana

    POSTS RELACIONADOS

    No Divã Em Paris – No divã do psiquiatra

    Opinião 14/06/20254 Mins Read

    No Divã Em Paris – Gaza, na Palestina, é Auschwitz da atualidade

    Opinião 07/06/20254 Mins Read

    Impunidade de militares perpetuou tradição golpista, diz historiador

    BR 21/05/20258 Mins Read

    Movimentos pedem que antiga sede do Dops em BH se torne memorial

    BR 03/05/20253 Mins Read

    Comments are closed.

    As Últimas

    Lula diz que Brics é fiador de um futuro promissor

    BR 05/07/20252 Mins Read

    Empresário consolida vantagem deve derrotar emedebista em Bandeirantes, aponta Ranking

    MS 05/07/20252 Mins Read

    Nova tarifa social de energia elétrica passa a valer neste sábado

    BR 05/07/20253 Mins Read

    Mega-Sena sorteia neste sábado prêmio acumulado em R$ 6,5 milhões

    BR 05/07/20251 Min Read

    A verdade que você não lê por aí!

    Siga nossas redes:

    Facebook Twitter Instagram
    O Jacaré
    • Início
    • Últimas Notícias
    • Sobre o que falamos
    • Nosso Livro
    • Converse com a gente
    Categorias
    • AGRO
    • BR
    • Campo Grande
    • charge
    • JORNALISMO INVESTIGATIVO
    • Livro
    • MS
    • Mundo
    • Opinião
    • Seu Bolso
    © 2025 Todos os direitos reservados.

    Type above and press Enter to search. Press Esc to cancel.