A Procuradoria-Geral da República aditou a denúncia contra o assentado Mário José Ott, do Assentamento Itamarati, em Ponta Porã, e ele pode entrar para a seleta lista dos condenados a penas mais pesadas pelo Supremo Tribunal Federal pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. O bolsonarista defendeu golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a “expulsão dos esquerdistas”.
Preso durante o quebra-quebra, quando bolsonaristas invadiram e depredaram os prédios do Congresso Nacional, do STF e do Palácio do Planalto, Ott pegaria uma pena leve ao ser denunciado por apenas três crimes: associação criminosa, incitação a animosidade das forças armadas contra as instituições e concurso material.
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Caso fosse condenado, ele poderia pegar a pena mínima, que seria convertida na prestação de serviços e na participação de um curso sobre a importância da democracia.
Contudo, a situação ficou mais complicada porque a PGR aditou a denúncia e pediu a condenação do assentado bolsonarista por mais quatro crimes, como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de estado, dano qualificado pela violência e grava ameaça contra o patrimônio público e considerável prejuízo e deterioração do patrimônio histórico tombado.
Mário José Ott entrou para o seleto grupo que vem sendo condenado a penas mais pesadas, entre 14 e 17 anos de cadeia. Em Mato Grosso do Sul, dos nove bolsonaristas condenados pelo STF, sete pegaram punição acima de 14 anos de cadeia.
Em manifestação publicada em março deste ano, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Justiça Federal de Ponta Porã notifique Ott quando ele se apresentar à Justiça para apresentar a defesa em 15 dias.
Xiita de direita
Preso no dia 8 de janeiro, Ott gravou mensagens defendendo o golpe de Estado e a expulsão dos eleitores de esquerda do Brasil. “Se fosse separar o Brasil e pôr esse povo (esquerdistas) para um lado e os da direita ficasse para o outro seria bom demais. A nossa saída hoje é nós ir (sic) pra rua, fechar o País e fazer o Exército sumir essa m…. porque aí quero ver se esses vagabundos não vai trabaiar (sic). Ou vai trabaiar ou vai pro cacete, aí quero ver eles ficar (sic) pedindo esmola”, afirmou o assentado.
Ele questionou ainda a vitória de Lula em 2022 e atribuiu a vitória do petista à fraude nas urnas eletrônicas. “Tem meia dúzia desses vagabundos e eles votam nele (Lula). Pior de tudo é o voto roubado, porque se não fosse roubado não ganhava não. Ganhou porque é roubado. Por que que não quiseram fazer o voto impresso na urna?”, acusou.
“Vamos para a rua, vamos fechar esse País, vamos parar e exigir voto impresso pra próxima eleição já ou senão não tem eleição”, ameaçou ele, que também foi ex-presidente da APM (Associação dos Pais e Mestres) da Escola Carlos Pereira, localizada no distrito de Ponta Porã.
Ele não é o único da Itamarati envolvido com os atos de 8 de janeiro. Rodrigo Ferro Pakuszeski, 30 anos, foi condenado a um ano, que acabou convertido na prestação de serviços e proibição de acessar as redes sociais.