Afastado do cargo pelo Conselho Nacional de Justiça em dezembro do ano passado, o juiz Paulo Afonso de Oliveira, da 2ª Vara Cível de Campo Grande, teve ganhos de R$ 168,7 mil em um único mês, segundo o Portal da Transparência do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Desde a deflagração da Operação Ultima Ratio, no dia 24 de outubro do ano passado, ele recebeu, em média, R$ 103,4 mil por mês.
Oliveira é investigado pela Polícia Federal por venda de sentença e pelo golpe de R$ 5,3 milhões aplicado em um engenheiro aposentado do Rio de Janeiro. Em tempo recorde, ele autorizou a advogada Emmanuelle Alves Ferreira da Silva a sacar a fortuna, apesar dos alertas da defesa da vítima de que os documentos eram falsos e a assinatura era falsificada.
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O magistrado ainda ganhou destaque nacional por ter fazendas, apartamentos de luxo e até avião. A repercussão das suspeitas levou o corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Marques Campbell.
De novembro do ano passado a abril deste ano, Paulo Afonso de Oliveira recebeu R$ 620,8 mil em salários, adicionais e gratificações pagos pelo Tribunal de Justiça. O médio pago por mês foi de R$ 103.470 – o valor equivale a 68 salários mínimos, que um trabalhador comum levaria cinco anos para acumular.
Oliveira recebeu o maior salário, de R$ 168,7 mil, em novembro do ano passado, quando ganhou R$ 118 mil e mais o retroativo pela gratificação de acúmulo de acervo no valor de R$ 50 mil. O menor valor foi pago em fevereiro deste ano, quando o total de créditos somou R$ 74,2 mil.
Quatro desembargadores – Alexandre Bastos, Marcos José de Brito Rodrigues, Sideni Soncini Pimentel e Vladimir Abreu da Silva – tiveram ganhos médios de R$ 89,2 mil a R$ 154,4 mil desde que foram afastados das funções pelo ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça.
Eles pediram o retorno ao cargo, mas a decisão ainda é analisada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal.