O Partido dos Trabalhadores realiza, neste domingo (6), o processo eleitoral para a escolha das novas direções municipais, estaduais e nacional. Em Mato Grosso do Sul, o PT tem duas candidaturas bem delineadas. O pragmatismo do deputado federal Vander Loubet, que prega a continuidade da aliança com Eduardo Riedel (PSDB), mesmo com os acenos do tucano à extrema direita, e a vontade de mudanças do ex-prefeito de Mundo Novo Humberto Amaducci, que defende romper com o governo e liderar bloco de centro-esquerda.
As duas linhas seguem em Campo Grande, com o embate pelo Diretório Municipal entre o deputado estadual Pedro Kemp, da corrente Avante, de Vander, e a ex-vereadora Elaine Becker, representante da Articulação de Esquerda, de Amaducci. Os vencedores terão mandato de quatro anos e vão definir o caminho a ser trilhado pelo partido nas eleições de 2026.
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O desafio maior do PT, entretanto, é construir bases para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pré-candidato a senador, Vander tem como aliados a colega Camila Jara e o deputado estadual e ex-governador Zeca do PT. O grupo é o favorito graças ao apoio das correntes internas petistas, como Resistência Socialista, Construindo um Novo Brasil (CNB), Avante, Movimento PT (MPT) e Democracia Socialista.
Vander Loubet está em seu sexto mandato na Câmara dos Deputados e busca voltar ao comando do partido após 24 anos. Uma decisão por consenso ficou próxima após a desistência da deputada estadual Gleice Jane, por motivos de saúde, mas Amaducci decidiu colocar seu nome à prova.
O deputado federal tem como foco a reeleição de Lula, e terá seu pragmatismo testado caso o presidente da República decida por Simone Tebet (MDB) como melhor opção ao Senado no Estado.
Vander, Camila, Zeca e Kemp são os principais fiadores do apoio ao governo Riedel, o que garante Marcos Roberto Carvalho de Melo como diretor-executivo da Agraer-MS (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul) e outros cargos no Executivo estadual.
A aliança sofre abalos quando Eduardo Riedel decide agradar o eleitorado bolsonarista, como ocorreu quando o governador se posicionou a favor da anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, que incluiu invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes. Os petistas criticaram, mas não romperam.
Humberto Amaducci, por sua vez, tem como bandeira romper com a gestão tucana e deixar a sua base de sustentação na Assembleia Legislativa.
O grupo Articulação de Esquerda defende que a legenda volte a liderar um bloco de centro-esquerda no Estado e deixe imediatamente o governo Riedel. “Não é possível apoiar e participar de um governo que apoia golpistas e que não apoiará o presidente Lula em 2026”, declarou Amaducci quando anunciou sua candidatura.
Em nível nacional, os candidatos são Edinho Silva, Romenio Pereira, Rui Falcão e Valter Pomar. Vander apoia o primeiro, Amaducci, o último.
O mandato dos membros efetivos e suplentes das direções partidárias eleitas no Processo de Eleição Direta (PED), dos Conselhos Fiscais e das Comissões de Ética eleitos é de quatro anos. As direções partidárias, delegações e cargos com função específica de secretarias deverão ter paridade de gênero (50% de mulheres e 50% de homens).
O processo de votação ocorre das 9h às 17h nos diretórios municipais do PT em todo o país, respeitando o fuso horário de cada região. Brasileiros filiados ao partido que residem no exterior também poderão votar para a chapa nacional e para a presidência nacional.