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    Celeiro de bons negócios, empregos e sonhos, impacto da indústria vai além de Ribas

    Edivaldo BitencourtBy Edivaldo Bitencourt06/07/202513 Mins Read
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    Gizele, 36, deixou filhas gêmeas em busca de vida melhor, ganha duas vezes mais e até encontrou o amor (Foto: Divulgação)

    Com investimento de R$ 22,2 bilhões, a Suzano Celulose, a maior fábrica de celulose em linha única do mundo, não transformou para sempre apenas a cidade de Ribas do Rio Pardo, a 86 quilômetros da Capital. Além de quase dobrar o número de habitantes, de 23 mil para 40 mil moradores, segundo estimativa da prefeitura, e quase quintuplicar o orçamento municipal, de R$ 124,1 milhões em 2020  para R$ 506,6milhões neste ano, a indústria transformou a cidade no eldorado das oportunidades, do emprego e dos negócios.

    A baiana Gizele Santos Silva, 36 anos, deixou as filhas gêmeas com os pais, embarcou em uma viagem de três dias dentro do ônibus para percorrer 1.815 quilômetros de Poço da Mata, distrito de Nova Viçosa, no extremo sul da Bahia, em busca de uma vida melhor em Ribas.

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    “Abrir mão das filhas não é fácil”, relembra. A distância da família e dos amigos foi outro obstáculo a ser superado. “Distante de todo mundo, adaptar-se à cultura do novo local não foi fácil e exigiu até ajuda psiquiátrica”, conta. No início, com a ajuda da Suzano, Gizele viajava a cada três meses para a sua cidade natal para rever a família e amenizar a saudade.

    Os sacrifícios em busca de uma vida melhor foram muitos. No início, ela sofreu com o alto custo de vida em Ribas do Rio Pardo. No pico da construção da indústria, em 2023, 12 mil operários ergueram a mega fábrica, o custo do aluguel explodiu na cidade. O custo de locação de uma casa de dois quartos chegou a custar R$ 5 mil.

    Gizele pode dizer que teve sorte ao conseguir pagar entre R$ 3 mil e R$ 3,5 mil por uma casa. De acordo com o corretor de imóveis Linto Wilmar Ferreira, 67 anos, dono da Linto Imóveis, passado o pico da construção, houve redução de 50% no valor do aluguel, com uma casa de dois quartos custando entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil. Uma quitinete, com quarto e cozinha, varia de R$ 1,3 mil (sem mobília) a R$ 2 mil (totalmente mobiliada).

    Vila da Suzano: fábrica construiu 954 casas para funcionários e ajudou a tirar o peso da habitação no custo de vida (Foto: O Jacaré)

    Para quem trabalha na fábrica, a Suzano construiu uma vila com 954 casas e conseguiu reduzir significativamente o custo da habitação para os 3 mil funcionários. “É um custo simbólico”, festeja Gizele, sem revelar o valor. O Jacaré apurou que a empresa cobra mensalidade de R$ 180 a R$ 300 dos funcionários.

    A baiana conseguiu mais que dobrar o salário. Em Poço da Mata, o valor máximo pago ao trabalhador era um salário mínimo, mas nem todo mundo tinha a sorte de ganhar R$ 1.518 por mês. Em Ribas do Rio Pardo, ela conta que ganha duas vezes mais, sem considerar os benefícios, como creche e plano de saúde.

    Ao superar a fase mais complicada da adaptação, inclusive com crises de ansiedade, ela encontrou o amor na fábrica. O marido, Valdir Soriano, é do Pará e também foi atraído para Ribas pela maior fábrica do mundo.

    Fonte: RAIS/SEMADESC

    Vida de metrópole

    Alguns trabalhadores se deslocam diariamente de Campo Grande até Ribas para trabalhar na indústria. Esse é o caso da assistente administrativo Clarice Ferreira Lima, 52, que percorre de ônibus 111 quilômetros, por uma hora e meia, entre o bairro Bom Retiro, em Campo Grande, e a indústria da Suzano. Ela sai de casa às 5h20 e volta às 19h55 de segunda a sexta-feira.

    Professora por décadas, ela decidiu virar a chave e se candidatou ao emprego como PCD (pessoa com deficiência), em decorrência da paralisia infantil aos dois anos de idade. “Nunca quis sair da minha cidade”, admite Clarice, quando se candidatou junto com outros 52 para participar do curso de qualificação. Sete acabaram contratados.

    Clarice, 52, virou a chave ao trocar de profissão, de pedagoga para administrativa da Suzano (Foto: Divulgação)

    O trajeto diário não a desanima. Acostumada a usar o transporte coletivo na Capital, ela diz que é a realização de um sonho ter ônibus da empresa para pegá-la todos os dias. “É minha felicidade, que não tive muito tempo atrás”, ressalta, sobre a jornada na Suzano, que lhe rende um salário bom e benefícios. E ainda tem o plano de carreira, que permite sonhar em galgar novos postos na empresa.

    “Eu me sinto no céu ao trabalhar em uma empresa grande”, gaba-se Clarice, que sempre conviveu com o preconceito ao buscar trabalho na Capital. Além do temor do funcionário PCD pegar muito atestado, empresas resistem em adaptar o ambiente para contratar trabalhadores com dificuldade de locomoção. E ainda contabiliza um salário 40% maior em relação ao período quando atuava como pedagoga.

    Levantamento do economista-chefe da Fiems, Ezequiel Resende, mostra que houve valorização de 137% no salário médio pago pela indústria em Ribas do Rio Pardo após a chegada da fábrica de celulose. O valor saltou de R$ 2.579, em 2020, para R$ 6.129, em média, neste ano. O número de empregos na indústria quintuplicou em cinco anos, de 570 para 2.716 trabalhadores.

    Alagoano vira empreendedor

    Ao deixar Cajueiro, no interior de Alagoas, Gilvânio Gomes, 37, viajou por quatro dias “totalmente contrariado” os 3 mil quilômetros até Ribas. Convencido pela esposa e pela irmã, ele começou trabalhando no plantio de eucalipto. Após um tempo, trocou a vida de trabalhador rural pela de barbeiro.

    Negão, como é conhecido, comprou um terreno em uma área invadida para fugir do alto preço do aluguel. Contemplado com uma casa, ele decidiu abrir o próprio negócio, a Vânio Barber. Embalado pelo potencial criado pela indústria, o alagoano não só abriu a segunda barbearia, como importou um conterrâneo.

    Luiz Henrique Silva, 20, viajou por quatro dias em busca de salário e vida melhor. Ele conta que ganha mais ou menos R$ 2 mil por mês, enquanto na cidade natal só conseguia R$ 300. Já o “patrão”, que chegou a contragosto, calcula renda de R$ 7 mil por mês. “Não tem nem como comparar para fazer um salário mínimo lá exigia muito esforço”, relembra Gomes.

    Gilvânio, 37, viajou 3 mil quilômetros contrariado, mas virou empreendedor e dono de duas barbearias em Ribas (Foto: O Jacaré)

    Outros conseguem evoluir no mercado de trabalho. Esse foi o caso de Sônia Regina Batista da Cunha, atendente de um café no Centro da cidade. Dona de casa até 2002, ela foi babá, empregada doméstica e cozinheira em uma escola. Ao longo dos últimos 20 anos, ela e o marido perambularam pela região, entre Água Clara e Arapuá (distrito de Três Lagoas) até voltar para Ribas do Rio Pardo.

    O marido trabalha como motorista e nunca teve falta de emprego na cidade. Atualmente, ele transporta operários para Dois Irmãos do Buriti. Para Sônia, a indústria transformou a cidade, com mais lojas, lanchonetes, restaurantes, escolas, creches, etc. “E se quiser trabalhar, arruma”, ressalta.

    De acordo com o diretor da Casa do Trabalhador, Carlos Dutra, o empregado é disputado quase a tapa pelas empresas. “O trabalhador está escolhendo onde trabalhar e o valor que vai receber”, conta. “Tem muitas oportunidades”, revela. O rodízio acaba sendo grande e quem paga mais, acaba levando o empregado.

    Antes da chegada da Suzano, a oferta era de 20 a 30 vagas de emprego por mês. Agora, cerca de 2 mil pessoas são encaminhadas para o mercado de trabalho mensalmente. E existem de 200 a 300 vagas abertas.

    No final do mês passado, uma empresa estava contratando 81 motoristas de tritrem, com salário de R$ 2.348, mais plano de saúde, vale alimentação e ainda paga hora extra.

    Novas indústrias e empresas

    Ezequiel Lima aponta que houve aumento de 172% no número de indústrias instaladas em Ribas em quatro anos, de 40 para 109. No mesmo período, a exportação do município teve um salto olímpico sensacional de US$ 1,15 milhão, em 2020, para US$ 428,2 milhões no ano passado (R$ 2,3 bilhões na cotação do dólar a R$ 5,40).

    Esse boom econômico ajudou a impulsionar outros negócios. Uma professora abriu uma pousada. Uma empresária ampliou o restaurante e hotel. Outros se transformaram em grandes empresários. Esse é o caso do comerciante Marcos Costa, 59, que chegou em Ribas em 2003 para trabalhar como corretor de gado.

    Até 2010, o município contava com 2 milhões de bovinos e era conhecido nacionalmente como a “capital do boi”, por ostentar o título de maior rebanho do País. Há pouco mais de 20 anos, Costa ingressou no varejo com o primeiro supermercado. No início, ele trabalhava de até 15 horas por dia.

    Apenas com o ensino médio, com o crescimento da cidade e a dedicação aos negócios, trabalhando inclusive nos fins de semanas e feriados, ele construiu um império no município, com quatro supermercados e um atacado. O atacarejo foi inaugurado durante a construção da fábrica de celulose.

    “(A indústria) teve um ponto positivo, porque Ribas nunca mais vais ser o que era antes da Suzano. Trouxe mais gente”, diz o rei do varejo na cidade. E para ele outro problema é a disputa grande por mão de obra. “A demanda é grande”, admite. Atualmente, a Rede Costa emprega 200 funcionários, de acordo com o empresário.

    Marcos, 59, apostou no potencial da cidade, do trabalho na lavoura no interior de São Paulo ao “rei do varejo” em Ribas (Foto: O Jacaré)

    A indústria não trouxe apenas gente. A maior fábrica do mundo elevou em 75% o número de trabalhadores com carteira assinada na cidade, de 6.973 empregos formais, em 2021, para 12.209 atualmente, segundo levantamento da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). A renda do trabalhador acumula valorização de 48% em dois anos, de R$ 3.361,28, em média em 2022, para R$ 4.995,12 no ano passado.

    O Governo do Estado nem a indústria possuem números de quantos trabalhadores do entorno são contemplados pelo boom de Ribas. Na fase de construção da fábrica, quando a cidade chegou a contar com 15,5 mil empregos formais, 453 operários se deslocavam diariamente de Campo Grande para trabalhar em Ribas.

    Secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, destaca impacto social e melhoria na infraestrutura, como a duplicação no número de leitos no hospital, a construção do Batalhão da Polícia Militar e da Polícia Militar Ambiental.

    Diretor de Operações Industriais da Suzano, Leonardo Mendonça Pimenta aponta que foram investidos R$ 300 milhões em habitação, saúde, educação, segurança e qualificação. A Vila da Suzano vai contar com 954 casas para os funcionários e mais 50 doados para a comunidade.

    Em pouco mais de uma década, o rebanho bovino teve queda de 60%, com 800 mil reses. Se perdeu o título de maior produtor de gado do Brasil, Ribas do Rio Pardo ganhou um novo, de “capital do eucalipto”, com 418 mil hectares plantados, segundo o ex-prefeito, João Alfredo Danieze (PT). Ele conta que herdeiros de famílias tradicionais trocaram a pecuária pela silvicultura.

    O eucalipto pode render de R$ 1,1 mil a R$ 1,6 mil por hectare, de acordo com o corretor de imóveis Linto Wilmar Ferreira. A chegada da nova cultura também valorizou a terra, mais que dobrando o preço do hectare. Antes, o custo oscilava entre R$ 8 mil e R$ 12 mil. Atualmente, o preço do hectare oscila entre R$ 23 mil e R$ 25 mil, para vender, conforme Ferreira. Mas há produtor rural colocando a venda por R$ 35 mil/ha.

    Em um fenômeno que todos ganham, a prefeitura começa a nadar em dinheiro. Em 2020, antes da chegada da fábrica, o orçamento foi de R$ 124 milhões. Neste ano, a previsão é de R$ 506 milhões. João Alfredo projeta que pode bater em R$ 700 milhões em 2026.

    E os efeitos ainda vão elevar a participação de Ribas no rateio do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias). Verruck estima que o índice poderá triplicar no próximo ano em decorrência do movimento na economia local.

    O orçamento da prefeitura

    2020R$ 124.161.160,86
    2021R$ 164.210.470,04
    2022R$ 238.085.127,71
    2023R$ 310.441.947,96
    2024R$ 338.406.813,60
    2025R$ 506.670.663,32 *
    Fonte: Portal da Transparência (*) valor previsto

    Investimento de R$ 70 bilhões

    Em 14 anos, houve aumento de 371% na área de floresta plantada no Estado, de 341,3 mil para 1,6 milhão de hectares, segundo levantamento da Semadesc, enquanto houve redução de 21% na pastagem, de 21,8 milhões para 17,2 milhões de hectares. Nem a cana-de-açúcar cresceu tanto no período, com alta de 49%, de 592,9 mil para 880,4 mil hectares, enquanto a agricultura cresceu 133%, de 1,8 milhão para 4,2 milhões de hectares.

    “A indústria de celulose representa hoje um dos principais vetores de desenvolvimento sustentável em Mato Grosso do Sul, e Ribas representa muito esse momento. Estamos falando de uma cadeia produtiva moderna, baseada em florestas plantadas, que combina alta tecnologia, geração de emprego de qualidade e compromisso ambiental”, destacou o governador Eduardo Riedel (PSDB).

    O boom econômico da celulose não para em Ribas. A Arauco investe R$ 25 bilhões na construção da fábrica de celulose em Inocência. A Bracell planeja aporte semelhante na unidade de Bataguassu, enquanto a Eldorado Brasil começa a tirar do papel o projeto da nova fábrica, também com investimento de R$ 25 bilhões, em Três Lagoas.

    “É uma indústria limpa, alinhada com nossa meta de nos tornarmos um Estado carbono neutro até 2030, e que vem contribuindo diretamente para o crescimento econômico e social de diversas regiões”, salienta o governador.

    “Quando uma planta de celulose se instala em um município, os efeitos são imediatos: mais empregos, aumento na arrecadação, melhoria dos serviços públicos e oportunidades para os jovens e mulheres da região. É um novo ciclo econômico que se inicia, com impactos positivos na saúde, na educação e na qualidade de vida da população”, ressalta.

    Impulsionado pela revolução industrial guaicuru, o PIB (Produto Interno Bruto) de Mato Grosso do Sul) teve salto espetacular em dois anos, de R$ 122,6 bilhões, em 2020, para R$ 166,4 bilhões em 2022. “Ao olhar para o setor industrial, o crescimento é ainda mais expressivo: a indústria como um todo passou de R$ 23,3 bilhões (2020) para R$ 33,7 bilhões (2022), com destaque para a indústria de transformação, que inclui a produção de celulose — esse segmento cresceu de R$ 12,7 bilhões para R$ 21,5 bilhões no mesmo período, um aumento de quase 70%”, destacou Verruck.

    Suzano chegou chegando: 3 mil empregos diretos, sendo mil na indústria e 2 mil nas operações florestais (Foto: Divulgação)

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